quarta-feira, 4 de agosto de 2021

STONE COLD – CAP. 05

                                                                 






                                            “Pesadelo”

                                               

 

Hannah: -sorri- eu sou forte Claire, eu aprendi a ser

Claire: eu sei que a última vez que você chorou na vida foi quando sua mãe morreu, mas você não pode se culpar por isso, não foi culpa sua

Hannah: talvez se eu o tivesse enfrentando ela estaria aqui agora, comigo, mas ele não prestava, e eu não preciso de ninguém, nunca precisei, não preciso de ninguém para ser feliz

Claire: e você é feliz?

Hannah: -respirei fundo- eu sou mais feliz do que qualquer pessoa no mundo

 

As maquiadoras chegaram e comeram a me arrumar. Logo eu estava no estúdio de fotos e Harry chegou. O diretor chegou e ele parecia impaciente

 

Diretor: recebi uma ligação, a revista concorrente acaba de fazer um ensaio sensual com Kanye e Kim, preciso de mudança, quero esse ensaio o mais sensual possível, quero vocês juntos, nada separado, vamos fingir que vocês são um casal, quero bater o recorde dessa revista

Harry: casal?

Diretor: sim, vamos tirar fotos sensuais, vocês são ou não profissionais?

Hannah: claro que somos

Diretor: então mãos a obra

 

Tiramos primeiro foto com roupas, que estavam mais para românticas, e essa foi a parte fácil, as coisas começaram a ficar difícil quando veio a lingerie, foi muito constrangedor, ficávamos sempre muito perto, e Harry teve que colocar a mão nos meus seios duas vezes, mesmo eu usando proteção e tal, ainda era meio seio, e aquilo era constrangedor quando se tinha gente olhando. Passamos muito tempo naquilo e quando acabou eu agradeci, de verdade. Já era de noite quando terminamos as fotos e assim que terminamos Harry desapareceu. Fui para o meu camarim, me arrumei e fui atrás de Harry, claro.

Entrei sem bater na porta e lá estava ele só de cueca, sentado, mexendo no celular. Ele não me viu, porque estava de costa para a porta, então fui até ele e lhe dei um beijo no pescoço, ele girou a cadeira e me viu

 

Harry: já disse para você não fazer

Hannah: você está tão excitante só de cueca

Harry: Hannah, sai daqui

Hannah: tem certeza que quer isso?

Harry: tenho

Hannah: não quer nem relembrar os velhos tempos?

Harry: não, não quero relembrar uma coisa que eu já esqueci

Hannah: -abri um botão da minha blusa- tem certeza disso?

 

Ele olhou para os meus seios e eu abri outro, era visível que Harry não tinha esquecido de nada, ele ainda era louco por mim, só estava tentando lutar contra isso, pena que ele não sabe que não pode lutar contra mim, principalmente quando eu quero uma coisa.

Cheguei mais perto dele e sentei em seu colo, e coloquei sua mão em meu seio esquerdo, mas ele não mexeu a mão

 

Hannah: podemos nos divertir Harry

Harry: Hannah...

Hannah: vamos Harry, eu sei que você também gosta disso

 

Ele me beijou ferozmente, e eu quase ri em comemoração. Ele levantou sem parar o beijo e me encostou na parede. Enquanto ele me beijava sua mão passava por minhas pernas, minha bunda.

Tudo estava muito quente e eu estava quase tirando minha roupa, quando alguém bateu na porta

 

XXX: Harry?

Harry: -ele parou o beijo- oi –ele colocou a roupa e sentou- pode entrar

 

Era a assessora dele, e por um momento eu quis mata-la

 

XXX: temos que ir, você ainda tem que gravar hoje

Harry: tudo bem, até mais Hannah

 

Ele me deixou ali e foi embora. Como ele pode me deixar assim? Respirei fundo e tentei controlar aquele fogo. Encontrei com Candice e fui para casa. A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi tomar um banho, então resolvi dormir cedo, não iria sair hoje. E acabei sonhando a mesma coisa, o pesadelo que me persegue.

...

Eu estava em casa, quer dizer, na minha antiga casa, tinha acabado de chegar da escola, tinha apenas 13 anos de idade. Hayle não estava, ainda estava na faculdade. Ouvi os gritos de minha mãe e meu padrasto, eles sempre brigavam, e ele sempre acabava batendo nela, ou em qualquer um que aparecesse na frente, então entrei correndo e ele tinha acabado de pegar minha mãe pelo cabelo e a jogou muito forte contra a parede, tão forte que e vi ela cuspir sangue na hora e caiu no chão desmaiada. Ao ver aquilo meu coração parou, ele não tinha me visto, então pegou o vaso de vidro e jogou na minha mãe que estava no chão, desacordada. Eu tremia inteira, então vi uma ferramenta de ferro, acho que o nome é pé de cabra, e a peguei, e então ele me olhou e sorriu frio, enquanto eu tentava segurar o choro

 

Jonny: então, vai me matar?

Hannah: você é um monstro

Jonny: sou, e eu vou matar você também, assim ficarei com todo o dinheiro, vocês são umas estupidas, e eu adorei matar a sua mãe

 

O que? Ela estava morta?

Ele se aproximou dela, e se abaixou e cuspiu no rosto dela, então tirou uma navalha do bolso e me olhou

 

Jonny: dê adeus a ela

 

Ele iria cortar a garganta da minha mãe, então corri e lhe dei uma pancada na cabeça com aquele ferro tão forte que o fez cair na hora. Abaixei perto da minha mãe e tentei acordá-la, eu chorava, soluçava, implorava para ela acordar, mas ela não acordava, então liguei para o hospital e para a policia quase aquele monstro acordasse e fiquei ali, perto da minha mãe

 

Hannah: mãe, por favor, eu preciso de você... você é tudo que eu tenho, tudo mãe, não me deixa aqui sozinha, por favor, por favor mãe, eu não posso viver sem você, por favor, eu não posso aguentar isso

Eu estava em tempo de enlouquecer, quando a polícia chegou e eu corri para os braços do primeiro policial que eu vi e ele me abraçou de volta. Eu disse tudo que aconteceu e a ambulância chegou e levou minha mãe e Jonny para o hospital. Eu tinha que ficar acompanhada de um policial no hospital, porque Hayle não foi, e minha mãe não tinha mais ninguém da família dela, ela era filha única e meus avós já tinham morrido. Fiquei ali, sozinha naquele banco de hospital, desejando de todo o meu coração que minha mãe sobrevivesse, me agarrando a qualquer coisa que me trouxesse fé. O tempo era um tormento e senti meu coração parar quando vi o médico vindo em minha direção, não esperei ele chegar, e corri até ele

 

Hannah: onde está minha mãe?

Médico: não tem ninguém acompanhando você?

Hannah: não, sou só eu, onde está a minha mãe

Médico: como vou dizer isso pra ela? –ele perguntou ao policial-

Policial: tudo bem, eu estou com ela

Médico: eu sinto muito meu bem, mas nenhum dos dois resistiram

Hannah: o que? Minha mãe...minha mãe, ela, ela morreu?

Médico: eu realmente sinto

 

Pronto, ali eu apaguei. Aquilo tinha sido demais para mim.

No dia seguinte ali estava eu, sozinha no velório, Hayle não veio comigo, e eu era uma criança enterrando a própria mãe, sozinha, de frente para um caixão, me perguntando o porquê da vida ser tão dura comigo, eu abriria mão de tudo, daria tudo por minha mãe, não era justo. E eu estava sozinha. Apenas aquele policial estava comigo, um completo estranho foi o único que me ajudou

 

Hannah: mãe, como vai ser agora? como vou viver sem você? Me desculpe, eu não consegui chegar antes, eu sinto muito, mãe...quem vai me colocar na cama? Quem vai dizer que me ama antes de dormir? Como vou viver com essa dor? Eu não posso viver sem você, eu só tenho você.

 

Fui interrompida pelo homem que chegou

 

Homem: eu sinto muito, mas seu tempo acabou, está na hora do enterro, temos outros velórios para fazer.

 

Respirei fundo, eu sabia que eu tinha que ser forte, olhei para a minha mãe pela última vez e eles fecharam o caixão. Os segui com o meu coração em pedaços e a vi sendo enterrada, eu tinha uma vontade de gritas, dá em cada um deles por estarem colocando minha mãe naquele buraco, mas não fiz nada, apenas fechei os olhos e esperei aquilo acabar e quando abri eles já tinham terminados. Me abaixei e ali chorei muito, pela última vez na minha vida, eu jurei que nunca iria deixar o amor me cegar como ela deixou, o amor tirou o que eu tinha de mais importante que eu tinha, ele fez minha mãe gostar daquele cara e ele tirou a vida dela. O amor não vale a pena. Deixei minha rosa ali e levantei e segui para casa, sozinha, aos 13 anos de idade.

...

 

Acordei desesperada e levou um tempo para eu colocar minha respiração de volta ao normal. Respirei fundo e acendi as luzes, só mais um pesadelo. E lembrar daquele dia era horrível. O pior dia da minha vida. Depois daquilo eu fui declarada como inocente pela justiça, eu agi em legitima defesa, e nem sei como aquele monstro foi enterrado, eu não quis saber, ele tinha matado tudo que eu tinha, ele tinha matado a pessoa que eu era. E então passei a sofrer na mão de Hayle que chegou a me acusar da morte da minha mãe, ela chegou a dizer que aquilo tudo era culpa minha, não foi fácil, nunca foi, perdi meus pais cedo e tive que aprender a viver, sozinha, então se eu não me comovo com um “eu te amo” não é culpa minha, todo mundo ama, até começar a odiar. Ele dizia amar a minha mãe e veja o que ele fez. Eu nunca vou acreditar nesse tal de amor, ele não existe.

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