“Pesadelo”
Hannah: -sorri- eu sou forte Claire, eu aprendi a ser
Claire: eu sei que a última vez que você chorou na vida foi quando
sua mãe morreu, mas você não pode se culpar por isso, não foi culpa sua
Hannah: talvez se eu o tivesse enfrentando ela estaria aqui
agora, comigo, mas ele não prestava, e eu não preciso de ninguém, nunca
precisei, não preciso de ninguém para ser feliz
Claire: e você é feliz?
Hannah: -respirei fundo- eu sou mais feliz do que qualquer pessoa no mundo
As maquiadoras chegaram e comeram a me arrumar. Logo eu
estava no estúdio de fotos e Harry chegou. O diretor chegou e ele parecia
impaciente
Diretor: recebi uma ligação, a revista concorrente acaba de
fazer um ensaio sensual com Kanye e Kim, preciso de mudança, quero esse ensaio
o mais sensual possível, quero vocês juntos, nada separado, vamos fingir que
vocês são um casal, quero bater o recorde dessa revista
Harry: casal?
Diretor: sim, vamos tirar fotos sensuais, vocês são ou não
profissionais?
Hannah: claro que somos
Diretor: então mãos a obra
Tiramos primeiro foto com roupas, que estavam mais para
românticas, e essa foi a parte fácil, as coisas começaram a ficar difícil
quando veio a lingerie, foi muito constrangedor, ficávamos sempre muito perto,
e Harry teve que colocar a mão nos meus seios duas vezes, mesmo eu usando
proteção e tal, ainda era meio seio, e aquilo era constrangedor quando se tinha
gente olhando. Passamos muito tempo naquilo e quando acabou eu agradeci, de
verdade. Já era de noite quando terminamos as fotos e assim que terminamos
Harry desapareceu. Fui para o meu camarim, me arrumei e fui atrás de Harry,
claro.
Entrei sem bater na porta e lá estava ele só de cueca,
sentado, mexendo no celular. Ele não me viu, porque estava de costa para a
porta, então fui até ele e lhe dei um beijo no pescoço, ele girou a cadeira e
me viu
Harry: já disse para você não fazer
Hannah: você está tão excitante só de cueca
Harry: Hannah, sai daqui
Hannah: tem certeza que quer isso?
Harry: tenho
Hannah: não quer nem relembrar os velhos tempos?
Harry: não, não quero relembrar uma coisa que eu já esqueci
Hannah: -abri um botão da minha blusa- tem certeza disso?
Ele olhou para os meus seios e eu abri outro, era visível
que Harry não tinha esquecido de nada, ele ainda era louco por mim, só estava
tentando lutar contra isso, pena que ele não sabe que não pode lutar contra
mim, principalmente quando eu quero uma coisa.
Cheguei mais perto dele e sentei em seu colo, e coloquei sua
mão em meu seio esquerdo, mas ele não mexeu a mão
Hannah: podemos nos divertir Harry
Harry: Hannah...
Hannah: vamos Harry, eu sei que você também gosta disso
Ele me beijou ferozmente, e eu quase ri em comemoração. Ele
levantou sem parar o beijo e me encostou na parede. Enquanto ele me beijava sua
mão passava por minhas pernas, minha bunda.
Tudo estava muito quente e eu estava quase tirando minha
roupa, quando alguém bateu na porta
XXX: Harry?
Harry: -ele parou o beijo- oi –ele colocou a roupa e sentou- pode entrar
Era a assessora dele, e por um momento eu quis mata-la
XXX: temos que ir, você ainda tem que gravar hoje
Harry: tudo bem, até mais Hannah
Ele me deixou ali e foi embora. Como ele pode me deixar
assim? Respirei fundo e tentei controlar aquele fogo. Encontrei com Candice e
fui para casa. A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi tomar um
banho, então resolvi dormir cedo, não iria sair hoje. E acabei sonhando a mesma
coisa, o pesadelo que me persegue.
...
Eu estava em casa, quer dizer, na minha antiga casa, tinha acabado de
chegar da escola, tinha apenas 13 anos de idade. Hayle não estava, ainda estava
na faculdade. Ouvi os gritos de minha mãe e meu padrasto, eles sempre brigavam,
e ele sempre acabava batendo nela, ou em qualquer um que aparecesse na frente,
então entrei correndo e ele tinha acabado de pegar minha mãe pelo cabelo e a
jogou muito forte contra a parede, tão forte que e vi ela cuspir sangue na hora
e caiu no chão desmaiada. Ao ver aquilo meu coração parou, ele não tinha me
visto, então pegou o vaso de vidro e jogou na minha mãe que estava no chão,
desacordada. Eu tremia inteira, então vi uma ferramenta de ferro, acho que o
nome é pé de cabra, e a peguei, e então ele me olhou e sorriu frio, enquanto eu
tentava segurar o choro
Jonny: então, vai me matar?
Hannah: você é um monstro
Jonny: sou, e eu vou matar você também, assim ficarei com todo o dinheiro,
vocês são umas estupidas, e eu adorei matar a sua mãe
O que? Ela estava morta?
Ele se aproximou dela, e se abaixou e cuspiu no rosto dela, então tirou
uma navalha do bolso e me olhou
Jonny: dê adeus a ela
Ele iria cortar a garganta da minha mãe, então corri e lhe dei uma pancada
na cabeça com aquele ferro tão forte que o fez cair na hora. Abaixei perto da
minha mãe e tentei acordá-la, eu chorava, soluçava, implorava para ela acordar,
mas ela não acordava, então liguei para o hospital e para a policia quase
aquele monstro acordasse e fiquei ali, perto da minha mãe
Hannah: mãe, por favor, eu preciso de você... você é tudo que eu tenho, tudo
mãe, não me deixa aqui sozinha, por favor, por favor mãe, eu não posso viver
sem você, por favor, eu não posso aguentar isso
Eu estava em tempo de enlouquecer, quando a polícia chegou e eu corri para
os braços do primeiro policial que eu vi e ele me abraçou de volta. Eu disse
tudo que aconteceu e a ambulância chegou e levou minha mãe e Jonny para o
hospital. Eu tinha que ficar acompanhada de um policial no hospital, porque
Hayle não foi, e minha mãe não tinha mais ninguém da família dela, ela era
filha única e meus avós já tinham morrido. Fiquei ali, sozinha naquele banco de
hospital, desejando de todo o meu coração que minha mãe sobrevivesse, me
agarrando a qualquer coisa que me trouxesse fé. O tempo era um tormento e senti
meu coração parar quando vi o médico vindo em minha direção, não esperei ele
chegar, e corri até ele
Hannah: onde está minha mãe?
Médico: não tem ninguém acompanhando você?
Hannah: não, sou só eu, onde está a minha mãe
Médico: como vou dizer isso pra ela? –ele perguntou ao policial-
Policial: tudo bem, eu estou com ela
Médico: eu sinto muito meu bem, mas nenhum dos dois resistiram
Hannah: o que? Minha mãe...minha mãe, ela, ela morreu?
Médico: eu realmente sinto
Pronto, ali eu apaguei. Aquilo tinha sido demais para mim.
No dia seguinte ali estava eu, sozinha no velório, Hayle não veio comigo,
e eu era uma criança enterrando a própria mãe, sozinha, de frente para um
caixão, me perguntando o porquê da vida ser tão dura comigo, eu abriria mão de
tudo, daria tudo por minha mãe, não era justo. E eu estava sozinha. Apenas
aquele policial estava comigo, um completo estranho foi o único que me ajudou
Hannah: mãe, como vai ser agora? como vou viver sem você? Me desculpe, eu
não consegui chegar antes, eu sinto muito, mãe...quem vai me colocar na cama?
Quem vai dizer que me ama antes de dormir? Como vou viver com essa dor? Eu não
posso viver sem você, eu só tenho você.
Fui interrompida pelo homem que chegou
Homem: eu sinto muito, mas seu tempo acabou, está na hora do enterro,
temos outros velórios para fazer.
Respirei fundo, eu sabia que eu tinha que ser forte, olhei para a minha
mãe pela última vez e eles fecharam o caixão. Os segui com o meu coração em
pedaços e a vi sendo enterrada, eu tinha uma vontade de gritas, dá em cada um
deles por estarem colocando minha mãe naquele buraco, mas não fiz nada, apenas
fechei os olhos e esperei aquilo acabar e quando abri eles já tinham
terminados. Me abaixei e ali chorei muito, pela última vez na minha vida, eu
jurei que nunca iria deixar o amor me cegar como ela deixou, o amor tirou o que
eu tinha de mais importante que eu tinha, ele fez minha mãe gostar daquele cara
e ele tirou a vida dela. O amor não vale a pena. Deixei minha rosa ali e
levantei e segui para casa, sozinha, aos 13 anos de idade.
...
Acordei desesperada e levou um tempo para eu colocar minha
respiração de volta ao normal. Respirei fundo e acendi as luzes, só mais um
pesadelo. E lembrar daquele dia era horrível. O pior dia da minha vida. Depois
daquilo eu fui declarada como inocente pela justiça, eu agi em legitima defesa,
e nem sei como aquele monstro foi enterrado, eu não quis saber, ele tinha
matado tudo que eu tinha, ele tinha matado a pessoa que eu era. E então passei
a sofrer na mão de Hayle que chegou a me acusar da morte da minha mãe, ela
chegou a dizer que aquilo tudo era culpa minha, não foi fácil, nunca foi, perdi
meus pais cedo e tive que aprender a viver, sozinha, então se eu não me comovo
com um “eu te amo” não é culpa minha, todo mundo ama, até começar a odiar. Ele
dizia amar a minha mãe e veja o que ele fez. Eu nunca vou acreditar nesse tal
de amor, ele não existe.
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